terça-feira, 23 de outubro de 2012

Esperança

(Conto originalmente criado em 2004, e posteriormente foi o 1° lugar no concurso cultural Oficina Do Pensar no ano de 2006.)
 
 
 
 
 


O sol estava alto, meus filhos com fome. Eu... Eu estava esgotada! Dor de cabeça, pés ardendo ao chão, dores na coluna, sede, fome...

Vagas lágrimas escorriam pela face de minha filha mais velha, ela entendia perfeitamente a situação. Minha linda... Compreensiva e sensível, sempre quis estudar. Aprender a ler e escrever era seu sonho de infância. Mas sua compreensão a fazia entender que isso nunca seria possível. Por mais que fôssemos otimistas, não poderíamos deixar de enxergar a realidade.

Meus dois filhos pequenos brincavam com uma caixa de papelão. Ora eram astronautas, ora motoristas, ora marinheiros... Mas como toda brincadeira, esta iria acabar, e meus meninos iriam perceber a fome aumentando. Minha tristeza também iria aumentar.

Olhei para frente, para os lados: Nada, apenas terra seca. Havia anos que não chovia por aqui, a seca levara embora as plantações e o gado.

Maldita seca! Deixou-nos sem nada! Meu Deus, como o mundo é injusto, como a vida é triste! Ai, Deus, por que o Senhor levou meu marido e minha duas filhas de mim? Para me ver sofrendo? Para me ver morrendo aos poucos? Para ver meus filhos desnutridos e desidratados? Pois o Senhor conseguiu! E agora, o que me resta, senão a morte?!

Desliguei-me dos meus pensamentos ao perceber que o céu estava nublando. Teria Deus me compreendido?

Ajoelhei-me e chorei. No nosso dicionário ainda restava uma palavra: Esperança. 



 

Desistir, Rafaele?! Que decepcão...



Foi isso que minha voz interior me falou agora pela manhã. Na realidade, havia me desencantado com esse blog. As pessoas hoje em dia tem preguiça de ler e quando veem que meu conto é relativamente longo para suas limitações, desistem. E eu fico a ver navios.
E isso me fez desanimar, desanimar... até esquecer que eu havia começado esse blog.
Mas enfim, acho que há pessoas, que como eu, gostam de uma leitura um pouco mais demorada, que dure mais de três minutos. Poucas, umas três ou quatro pessoas, mas há.
E é por causa dessas três ou quatro pessoas, que vou continuar postando.
Pode ser que eu tenha apenas uma visualização a cada dois dias, ou mesmo uma visualização por semana (melhor ser pessimista, que se frustrar. É como eu sempre digo, hehehehehe...), mas aí eu vou saber que o que eu estou colocando não está sendo em vão.
Mais uma vez muito obrigada se você chegou até essa frase. Desejo tudo de bom pra você!